Dia de sol, primavera latente. A tulipa amarelo-ouro olhava para o sol, esticava suas folhas, abria-se, lentamente, para a vida. Surgiu, então, de repente, uma bela borboleta roxa. Belas asas, acompanhando o compasso do vento. A borboleta chegou de mansinho, como quem não quer nada. Pousou, levemente, sobre as pétalas macias da tulipa amarela. Se olharam, flertaram. A borboleta sugou, aos poucos, cada gota do doce néctar que a tulipa lhe oferecia. Radiantes, as duas ficaram ali, sob o sol. Porém, uma era tulipa, a outra, borboleta. Uma era livre, e a outra, presa ao amor impossível que a natureza errante lhe deu. Uniram-se, a borboleta e a tulipa, juntaram-se, tentaram. Com todas as forças que tinham, agarraram-se uma à outra. A borboleta, porém, era frágil demais, suscetível demais às belezas traiçoeiras do mundo. Não tinha as raízes fortes e corajosas da tulipa. Passaram mais uma noite juntas. Amaram-se, pela última vez. Junto com o sol, o amanhecer trouxe outra tulipa. Não tinha a beleza amarela da primeira. Mas, não deixava de ser bela. A borboleta acordou, esticou as asas. E a tulipa amarela teve tempo, ainda, de ver a borboleta alçar vôo.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
natureza frágil
Por
Guta Brandt
às
23:58
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Impossível não ser tocada por um texto desse tipo!
Dessa vez, você se superou, mulher!!
Me emocionei!
*O melhor texto do mundooooooo!! *
rsrs
Beijos!
O mal de ser borboleta é sempre ter de ir embora...
O mal das flores é estarem sempre fixas demais ao chão!
Lindo mesmo este texto, Gabi disse tudo!
talvez as tulipas sejam boas de mais para as borboletas... que ficam mais tempo preocupadas em voar pelo mundo do que sugar o doce que lhe é ofertado... simples, mas intenso...
Postar um comentário