Segunda-feira. Nada de novo, nenhuma novidade. Arrumar o quarto, trabalhar, remoer lembranças, organizar os pensamentos em mim. Finalmente, acho que entendi, acho que aprendi. Me pego passeando por mim, pelas coisas que fazem parte de mim. Sou muito pequena diante da enorme gaveta de lembranças. Mergulho nela como criança pequena, ansiosa por sentir a água gelada da piscina. Na enorme gaveta não tem água, mas sinto o gelo dos papéis e das lembranças acumuladas. As lembranças que passam por mim são frias, agora. As vejo com certo distanciamento. Elas não me atingem mais. Após longo mergulho, saio renovada de dentro da gaveta. As lembranças escorrem pelo meu corpo como a água da piscina. Sento, então, na beirada da gaveta-psicina. Só agora, vendo tudo de cima, é que me dou conta. O fundo da gaveta, formado pelas lajotas da piscina, é o seu rosto. Você é o pano de fundo da minha gaveta de lembranças. Te olho, então, nos olhos. Te vejo ali, parada estática, imersa nas minhas lembranças. Vou te guardar pra sempre ali. Minha doce e triste menina-lembrança.
Um comentário:
Guarde... mas tranque a gaveta, esconda a chave, enterre bem fundo no quintal...
Nos dias difíceis é perigoso se afogar, e não voltar!
*Interjeições*
Ah! Oh! Minha Nossa!
Você tem o dom!
Basta!
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