domingo, 21 de outubro de 2007

cortejo fúnebre

Arrumo-me toda. Me enfeito, me perfumo. Preciso colocar uma roupa bonita. Afinal, hoje é o dia. Preciso parecer forte, saudável. Não quero que fiquem falando “como ela está pálida”, apesar da morte aparente. Quero parecer bem. Quero que todos vejam a minha fortaleza. A fraqueza ficará escondida, embaixo da roupa bonita. Olho no espelho. Será que está bom assim? Espero que esteja. Já está na hora de deitar? A cama é bonita, bem confortável, aparentemente. Têm flores ao seu redor, e um bonito véu de renda com a barra de cetim lilás. Deito, fecho os olhos, entrelaço as mãos. Alguém vem e me cobre com o véu. Duas velas acesas. Por que choram? É hora de descansar em paz. Aqui jaz um amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente não é tão simples assim... Aqui jaz um amor, e ponto. (Quem dera)

Muita gente ainda irá chorar...
Se é que morreu...

Fiquei deprê!
Ler a meia noite, nem vou dormir!

Chega de brincadeira...
O texto é bom, Guta um pouco afetada pelo mal-do-século. Exótico!