terça-feira, 23 de outubro de 2007

natureza frágil

Dia de sol, primavera latente. A tulipa amarelo-ouro olhava para o sol, esticava suas folhas, abria-se, lentamente, para a vida. Surgiu, então, de repente, uma bela borboleta roxa. Belas asas, acompanhando o compasso do vento. A borboleta chegou de mansinho, como quem não quer nada. Pousou, levemente, sobre as pétalas macias da tulipa amarela. Se olharam, flertaram. A borboleta sugou, aos poucos, cada gota do doce néctar que a tulipa lhe oferecia. Radiantes, as duas ficaram ali, sob o sol. Porém, uma era tulipa, a outra, borboleta. Uma era livre, e a outra, presa ao amor impossível que a natureza errante lhe deu. Uniram-se, a borboleta e a tulipa, juntaram-se, tentaram. Com todas as forças que tinham, agarraram-se uma à outra. A borboleta, porém, era frágil demais, suscetível demais às belezas traiçoeiras do mundo. Não tinha as raízes fortes e corajosas da tulipa. Passaram mais uma noite juntas. Amaram-se, pela última vez. Junto com o sol, o amanhecer trouxe outra tulipa. Não tinha a beleza amarela da primeira. Mas, não deixava de ser bela. A borboleta acordou, esticou as asas. E a tulipa amarela teve tempo, ainda, de ver a borboleta alçar vôo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Impossível não ser tocada por um texto desse tipo!
Dessa vez, você se superou, mulher!!
Me emocionei!
*O melhor texto do mundooooooo!! *

rsrs

Beijos!

Anônimo disse...

O mal de ser borboleta é sempre ter de ir embora...

O mal das flores é estarem sempre fixas demais ao chão!

Lindo mesmo este texto, Gabi disse tudo!

;D disse...

talvez as tulipas sejam boas de mais para as borboletas... que ficam mais tempo preocupadas em voar pelo mundo do que sugar o doce que lhe é ofertado... simples, mas intenso...