quinta-feira, 4 de outubro de 2007

sepultamento

Apagaram tudo. Pintaram as paredes. Não vejo mais nada, agora. As lembranças foram cobertas pela grossa camada de tinta preta. A parede, que antes era cor-de-rosa, não tem mais cor. É negra, escura, vazia. Não reflete mais nada, não exala sensações. Antes, ela mesclava nuances num belo sonho com a cor original das rosas. O quarto reservado aos sonhos tinha perfume, um cheiro gostoso, suave, adocicado. Hoje, para combinar com a negritude as paredes, o ar é fétido, podre, pesado. Fruto da decomposição dos sonhos. Já corroídos, comidos, decompostos pelas bactérias da traição, da falta de amor, de moral e de caráter.

Um comentário:

Anônimo disse...

Guta, decidiram represar sua vida.
Sem se preocupar com tudo que havia plantado, semeado.
Destruíram sua fauna e flora...

E agora, como esperado, está ocorrendo um processo de eutrofização.

Isso passa, tudo passa...

Lindo (e triste) texto!