sexta-feira, 14 de setembro de 2007

sons

Escuto ruídos estranhos. Não identifico mais os sons que ouço. Levo as mãos aos ouvidos, não quero escutar o som que escuto. O timbre sempre tão doce, tão agradável, agora arranha meus tímpanos. A voz doce e rouca que sempre escutei, que era a trilha dos meus dias, agora machuca, dói, tem som de marcha fúnebre no cortejo da minha alma. Os sons perderam o encanto, as notas são todas iguais. O som que agora me invade, não mais transforma o ser em mim, não mais me mostra o futuro. A voz segura de si, a voz que embalava a esperança de dias melhores, deixou de existir. Perdeu-se no tempo e no espaço. Talvez não tenha sido forte o bastante para chegar até mim, já que a distância física era tanta. Sinto tudo tão distante, tão longe. A tua e a minha alma, que sempre foram tão próximas, estão soltas, dispersas. O eco que as unia parou de gritar dentro de mim. Fora a minha voz tão fraca, tão pouco ressoante para te alcançar? Será que faltou gritar, berrar, arranhar a garganta ainda mais? Não tem mais encontros, as vozes não mais prometem mudanças. Não há mais junção de timbres, sons vagos e gemidos. Nossas bocas separam-se, as línguas não mais desenvolvem os mesmos movimentos. De tudo, restou apenas um silêncio maldito, denso, ensurdecedor.

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