quarta-feira, 12 de setembro de 2007

eterno retorno

Um dia, em algum dia do nosso passado, você me pediu um minuto do meu tempo. Disse que iria aproveitá-lo, e nesse minuto, nesse ínfimo minuto, você me deu anos futuros de alegria. Nesse um minuto sonhamos uma vida. Sonhamos a nossa vida. Tantos planos, tantos pedaços de nós foram, aos poucos, se juntando, se completando. Palavras e mais palavras. Gestos, mãos soltas, abraços infinitos, íntimos, nossos. Vivi minha vida inteira em apenas alguns meses. Como se estivesse de mudança pra algum canto só nosso e precisasse juntar a minha vida inteira de uma vez só. Mudei-me para ti, para dentro de ti. Abandonei a minha casa, o meu habitat. E agora, quando retorno, custo a retirar a poeira dos meses de ausência de mim. Organizo novamente as minhas gavetas, arrumo nossas coisinhas em algum lugar escondido, protegido desse mundo cruel. São as minhas lembranças mais doces, e as que mais me machucam. Tento tirar você de mim, mas não posso, não consigo. Tomo banho, lavo os cabelos, esfrego o corpo na tentativa frustrada de limpar você de mim. Arrumo a cama, dobro as cobertas, tiro os seus cabelos do meu travesseiro. Abro as janelas pra ver se, na rua deserta de mim, passa alguém à toa, distraída. Quem sabe, afim de tomar um café com o que restou de mim.

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