segunda-feira, 24 de setembro de 2007

invasão

Olho as suas fotos. Ainda estou tentando enganar os meus sentidos. Fecho os olhos e apago a luz para não ver. Tampo os ouvidos para não ouvir os gemidos que não são seus. Encolho as pernas para não tocar as coxas que não são suas. Escondo a boca para não sentir outro gosto que possa apagar a memória do seu. Mas não adianta. Fico feito boba tentando me livrar das lembranças, da memória cravada, inalterável. Tenho apenas duas mãos. Duas mãos para cinco sentidos. Se fecho os olhos e os ouvidos, sinto o cheiro e o gosto seus. Se tampo o nariz e a boca, os olhos vêem, os ouvidos escutam, e os sons e as imagens machucam a alma. Se escondo as mãos, a face fica livre, e as suas impressões doem ainda mais. Estouram os tímpanos, cegam os olhos, mordem a língua, tiram o ar, arrebentam a pele.

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