Bailarina-trapezista, preparo-me para o espetáculo. Fecho os olhos, estico meu braço, alcanço a barra firme do trapézio e solto-me. Libero o corpo e me sinto leve, quase posso voar. A sensação de vôo livre que me invade é tão grande que chego a acreditar nela. Solto meus braços, desprendo-me da barra segura que me protege e que, solidariamente, estende a mão para me segurar. Libero-me das amarras, e caio. Cada vez mais rápido. Imprudente e sonhadora, não verifiquei se havia rede para me segurar ou um colo macio para cair. Tal qual meus sonhos e amores, fui de encontro à superfície dura e ríspida do picadeiro. Ainda assim, virei um espetáculo. Espetáculo morto.
domingo, 3 de agosto de 2008
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