segunda-feira, 20 de outubro de 2008

cárcere privado

Complexidade inútil que me persegue. Perseguição que me assombra. Por que é preciso sentir? Não quero mais o dom de mergulhar na complexidade alheia. Já basta a minha própria. Sempre de olhos fechados, tateando às cegas momentos que esbarram em mim. Momentos e caminhos que não são meus. Esbarram e me derrubam, tamanha é a intensidade do choque. Choque que me choca. Choca ou deixa estáticos os meus sentidos. Choque de luz para os meus olhos. Luz demais também cega. Claros e escuros, olhos turvos. Vejo, então, para dentro. Obrigada a olhar para dentro de mim. Não sei se gosto do que vejo. E, se gosto, não sei se compreendo. Me imaginava mais forte. E, agora, o que eu vejo de fato? Vejo um vulto de uma alma apressada em se esconder. Se esconde de que? Não sei. E nem ela sabe. Alma pequenina, torpe menininha. Reflexo da carne. Logo, também é cega. Turva como meus olhos. Fechada na escuridão de mim. Debate-se num emaranhado de veias. Afoga-se no meu sangue. Sangue que a mata e também a deixa viva. Abro, forçadamente, os olhos, janelas da minha alma. Arregalo-os. Será que alguém pode ver a pobre alma que se debate?

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