quinta-feira, 30 de agosto de 2007

presidiária

Perdida no tempo e no espaço, sentada, solta, calada sob o sol. Horizonte deserto, nada de imagens e nada de sons. Espero o que eu sei que não virá. Risco dias no calendário, contagem regressiva para o retorno imaginário e para sempre adiado. Fico sonhando, imaginando. Chego a te ver novamente. Estico as mãos, estendo os braços, mas não te alcanço. Esforço vago, em vão, inútil. Procuro novamente seus olhos. Onde estão seus olhos? Não os vejo. Estão longe, distantes de mim. Mas calma, não são seus olhos. É apenas a imagem projetada, a ilusão de ótica da minha alma. Estou cega para a realidade. Meus olhos me enganam, escondem os fatos. Tento, incansavelmente, te entender. Busco razões, motivos, explicações para o que não se explica. Tento velar, camuflar os fatos, o que está claro, límpido, inalterável. Tento acreditar em mim, acima de tudo. Nas mentiras que eu mesma invento. Tentativa frustrada de te entender. O calendário dentro de mim parou, os dias não nascem mais. Não vejo o sol, tornei-me presidiária de mim.

Um comentário:

Cibele Jordão disse...

É, presidiária eu também sou...
Lindo texto, engraçado que você escreve exatamente como eu me sinto,rs.

Bjo moça