sábado, 26 de julho de 2008

herança genética

Miro, profundamente, o espelho. E te vejo, ou me vejo então, ali. Somos duas e uma só. Duas porque sofremos e amamos diferente. Mas, uma, porque sou parte de você. Como você é tão parte de mim. Olho seus olhos através dos meus próprios e vejo a idade diferente nas marcas da pele. No entanto, as lágrimas que escorrem dos meus e dos seus, têm a mesma razão de ser. Derramamos o mesmo líquido salgado e sofremos tal qual a outra. Não temos o mesmo corpo e nem as mesmas convicções. Mas, o amor que nos cega, nos torna iguais na carne e na alma. Você é meu modelo. E até nisso copiei seu rastro. Fiz igual, sofro igual. E já não percebo mais as diferenças tão visíveis de outrora. O amor que nos cega também nos mistura. Mistura híbrida e única. A mesma carne, o mesmo gene, mãe e filha, afinal.

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