sexta-feira, 2 de maio de 2008

crescer dói

A vida passa, devasta os anos, furiosamente. O tempo corre, galopa cada dia mais veloz. Na correria, perdidos no tempo, não achamos espaço para parar um pouco. Para rever conceitos, reavaliar o passado. E, quando finalmente paramos, é quase impossível acreditar que tanto tempo já passou, que tanta vida foi deixada para trás. Aí, vem aquele momento em que pensamos: “eu era feliz e não sabia”. E relembramos a infância. O tempo em que a praia era limpa, em que o verão era quente, em que a vida passava lentamente. Conseguimos, até, nos enxergar pequeninos. Às vezes, naquela época, reclamando da vida. Reclamando da nossa grande responsabilidade de carregar o baldinho até a praia, quando, tudo o que queríamos, era ir com as mãos vazias, soltas sentindo a brisa do mar. Ah, se soubéssemos! Se conseguíssemos prever o futuro e nos ver hoje. Adultos com medo da vida, do tempo, ou da falta dele. Se pudéssemos, realmente, enxergar além do nosso mundo de criança, certamente aproveitaríamos mais. Ou não. Viveríamos angustiados com a certeza de que a parte simples e feliz da vida dura tão pouco.

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