sexta-feira, 7 de março de 2008

canibalismo

Engulo. Sufoco. Abafo. Corro por todos os lados, agoniada. Afogada, engasgada, sufocada. Ando com pressa, a procura de algo. Mas, só encontro um canto. Um canto que me basta. Preciso, apenas, vomitar a ânsia que me engasga. Que afoga, me sufoca, me deixa agoniada. Me jogo de joelhos, abaixo a cabeça para vomitar. Posição de quem procura a redenção. Quero mesmo a redenção pelo pecado de amar. Vomito. Desafogo, desengasgo. Levanto a cabeça. Olho para o chão. Náusea profunda, certo nojo de mim mesma, asco e ódio vazio por ver o que não gostaria de enxergar. Vísceras expostas, profundeza revelada. Junto tudo com as mãos. Quero voltar ao sufoco, ao afogamento, à agonia. Seguro firme as minhas vísceras, pedaços de carne expostos à dor da luz do dia. Rio vermelho, sangue, ainda quente, encharca as mangas da blusa branca. Manchas que não sairão, jamais. Que permanecerão, sempre. Seguro firme meus pedaços, e os engulo, um por um, sentindo o gosto salgado do meu próprio sangue. Gostaria, mesmo, é de experimentar outras carnes. Comer o que não me pertence. Torturar, triturar e vomitar o que jamais poderá ser meu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Leio isso e me vem a imagem de Silent Hill...

Não é bom ligar a imagem da Guta sorridente que conheço à um jogo tão macabro...

*Preocupações*