Despacho a mala, envio um pedaço do meu mundo. O outro pedaço, mais tênue, mais invisível (porém, não menor), vai comigo, preso ao meu corpo, agarrado aos meus pedaços, infiltrado nas minhas células. Apesar do seu enorme tamanho, ele é apenas um ínfimo pedaço de tudo o que deixo. Uma parte de um todo infinito, infinito de lembranças. Lembranças que não cabem nesse novo mundo, que não podem embarcar. Pisarei na sala de embarque como quem pisa em algum terreiro sagrado esperando por um ritual. Voarei livre e leve, limpa do lodo que me segurava e das lembranças que não queriam me deixar partir. Finalmente, soltarei as minhas amarras.
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