terça-feira, 10 de junho de 2008

10 de junho

Hoje é aniversário do nada. Comemoração vazia, festa muda, alegria calada. Hoje brindo em comemoração às cinzas. Festejo o dia que não aconteceu. Enfeito a casa e me enfeito. Sento junto à porta e espero. Espero os convidados que não convidei. E, quando cansar de esperar aqueles que não virão, vou abrir um vinho e comemorar, sozinha, junto ao som ou à televisão. Acenderei a vela do bolo, cantarei parabéns sozinha. E, sozinha, irei apagá-la. Ao apagar, entoarei mudamente meu único pedido. Corto o bolo, distribuo os pedaços em pratos. Um pedaço para cada convidado que não veio. Comerei o pedaço que me cabe. Tomarei meu copo de vinho. E, novamente, irei juntar-me ao som. Trocando compulsivamente os discos que tocavam um ano atrás. Quem sabe a música refaça o dia.

4 comentários:

Cibele Jordão disse...

Fazia bastante tempo que eu não lia Maria Augusta...
Continua escrevendo maravilhosamente bem...
Beijo Grande!

Anônimo disse...

Guta, me dá um gole desse vinho e um punhado desse som? A música em mim refaz o dia... Maravilhoso texto! Um beijo!

Anônimo disse...

Um texto que conseguiu me deixar empolgado com a solidão. Parece contraditório... parece impossível. Mas do meu modo, entendi exatamente o que vc quis dizer.

VOltarei mais vezes.

www.vozesimplicitas.wordpress.com

Anônimo disse...

Olá Guta!
Fazia tempo que eu não dava uma espiadinha aqui!
Você é ótima! Sabe usar muito bem as palavras!
Não resisti e li todos!
auhhuahauhu
Um dia quero escrever bem assim...
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