sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

batidão

Ele vem e bate à minha porta. Cansado, magro, longas caminhadas, estradas curvas, tortas. Sedento. Ofereço água, não serve. Ofereço pão, não gosta. Tem sede de alma, fome de carne. Violentamente, arremessa-me. Atira-me e, intacta, espero. Espera rápida, carne morna, pele tenra. Logo se despede, e fico ali, atirada. Sentimentos dispersos, sempre à espera de um elo. O amor, mais uma vez, retorna.

negra coloração

Borboletas coçam minhas entranhas. Roçam por entre as vísceras que tanto sentem. Asas leves, delicadas. Atentas à única tarefa que lhes cabe: revirar-me, engajadas. Reviro os olhos, enxergo por dentro. Asas perfeitas, negras, agarradas, presas. Voam, caminham, rastejam. Batem as asas e indicam o tempo. Inimigo companheiro que, mais uma vez, me coloca inquieta à espera. Serei mariposa ou borboleta?

bandeira branca

Tempo passado. Tempo de guerra, tempo acabado. Passado. Armas abaixadas, palavras caladas. Gritos recolhidos, desnecessários. Lágrimas modificadas, choro abafado. Tempo que devolve a calma. Alma que se refaz. Coração intacto. Tempo de paz.